Identificando plantas com ajuda do celular
Resumo
São apresentados exemplos práticos da utilização de três aplicativos que nos permitem identificar, usando smartphones, boa parte das plantas que encontramos. Eles funcionam bastante bem para plantas de jardim, mas no caso de plantas brasileiras, particularmente as do Cerrado, grande parte delas ainda não fazem parte da base de dados destes programas internacionais.
São apresentados aqui aplicativos bem distintos que, de certa forma, se complementam.
O PlantNet é um aplicativo dirigido para a identificação e permite que entremos até 4 fotos de flores, frutos, folhas, troncos e a vista completa da planta. Ele fornece uma avaliação do percentual de acerto esperado na identificação feita. Os dados complementares sobre a planta que desejamos identificar não são fornecidos.
O PrintPicture é uma espécie de enciclopédia das plantas oferecendo, a partir de identificação através de imagens, fotos que nos permitem testar o acerto da identificação. O aplicativo fornece, para cada planta identificada, uma série de informações sobre sua classificação botânica, características e necessidades, utilidades, curiosidades e toda uma variedade de informação sobre o desenvolvimento das plantas permitindo, até mesmo, um diagnóstico sobre eventuais doenças. Está muito dirigido para os que querem cultivar plantas seja para jardinagem ou para produção de frutos ou ornamentação de ambientes internos e externos. Como em outros aplicativos, parecem existir muitas lacunas a serem preenchidas no caso do Cerrado. Isto representa, aliás, um estímulo extra para nossas observações já que existe uma oportunidade não desprezível que possamos, mesmo sendo leigos, de dar alguma contribuição ao conhecimento do assunto. Os próprios aplicativos contam com nossa mão de obra gratuita para reunir o material básico.
Enfim, apresentamos alguns exemplos de utilização do poderoso algoritmo de lidar com imagens no “Google Lens” para identificarmos as plantas. Este tipo de uso específico (identificar plantas) não é ainda muito completo. No entanto, a amplitude da base de dados possibilita várias vezes encontrarmos as informações que procuramos. Mostramos, em um dos exemplos, como o acesso que o Google têm à base de fotos da Embrapa nos permite usar esta base para nossa identificação.
Usando fotos para identificar
Encontramos na internet muitos aplicativos para identificação de Plantas. Todos dispõem de tutoriais para explicar como utilizá-los. Nossa ideia aqui é mais modesta: Explicar como nós utilizamos esses aplicativos. São todos programas de fácil uso e quase autoexplicativos. Estes aplicativos são oferecidos nas lojas Android e IOS.
A primeira etapa consiste em coletar as fotos. A câmara que utilizamos, na maioria dos casos, é a contida no próprio celular. No nosso caso, a de um iPhone 8 plus. Usamos o Google Fotos como arquivo das fotos.
Nosso interesse é que nosso material seja suficiente bonito para atrair pessoas. Por essa razão, centramos nossa atenção nas flores. Não por coincidência, esta é a melhor maneira de identificar uma planta. Para uma identificação mais segura também buscamos colher, para a mesma planta, fotos com destaques de:
- flor,
- fruto,
- folha,
- tronco e
- visão geral.
É claro que nem sempre podemos dispor, ao mesmo tempo, de todos esses elementos. Para ordenação em nosso arquivo, de fotos deixamos sempre por último as fotos do tronco. É apenas uma maneira para separarmos as várias espécies e não estar tentando, na análise posterior, “casar” folhas de uma planta com flores ou tronco de outra. Em alguns casos, no Cerrado, devemos estar particularmente atentos porque as árvores estão entrelaçadas fisicamente na natureza, sem falar no caso de plantas hospedeiras que abrigam outras e podem nos levar a confusões na hora da tentativa de identificação.
Apenas como esclarecimento paralelo, existem plantas “hóspedes” que apenas usam a hospedeira como apoio e são chamadas epífitas (como as orquídeas) ou aquelas que sugam a seiva das hospedeiras e são chamadas parasitas, chegando até mesmo a matar a hospedeira (como a erva de passarinho).
Vamos mostrar aqui como usamos três aplicativos:
PlantNet, PrintPicure e Google Lens.
PlantNet
Este aplicativo é disponível tanto para Androide como para iOS.
- Pl@ntNet se declara como “um aplicativo que permite identificar plantas simplesmente fotografando-as com o seu smartphone. Muito útil quando você não tem um botânico por perto!”
- O Pl@ntNet também diz ser ” um grande projeto de Ciência Cidadã: todas as plantas que você fotografa são coletadas e analisadas por cientistas de todo o mundo para entender melhor a evolução da biodiversidade vegetal e para melhor preservá-la”.
Este segundo aspecto é mais um atrativo do programa que tem diferentes grupos, de áreas nacionais e internacionais nas quais o usuário pode se inscrever, inclusive para o Brasil. No entanto, o arquivo para o o Brasil é ainda limitado e, muitas vezes, o próprio aplicativo oferece alternativa para encontrar a planta em outra coleção, como o da flora mundial.
Exemplo de Utilização do PlantNet
Primeiro, você escolhe as fotos que deseja utilizar para identificação (até 4), indica se elas se destacam por mostrar flores, frutos, folhas, casca (ou tronco) ou uma visão geral da planta. O aplicativo indicará com uma figurinha no canto inferior esquerdo o aspecto escolhido. Abaixo mostramos as fotos usadas na classificação da planta Leucena.
Clicando nas fotos, é possível ampliá-las.
Abaixo o resultado do aplicativo:
Para cada conjunto de fotos que submetemos, o aplicativo oferece uma série de sugestões de plantas e as ordena pelo percentual de acerto, estimado para a opção. O programa mostra uma galeria de fotos para cada opção de planta. No caso, mostramos as duas primeiras hipóteses: “Leucema” com um percentual de acerto estimado de 76%, e “Flamboyam-de-jardim” com apenas 1%. Outras opções apresentadas não superam o percentual de 1%.
Muitas vezes, o percentual de identificação é baixo para todas as opções. Nesse caso, o programa costuma buscar em outros arquivos de fotos, por exemplo, sugere uma planta da flora mundial. No caso mostrado, a indicação “Brazil” é porque optamos por procurar, inicialmente, dentro dessa coleção e não tivemos que optar por outra.
Clicando em “validar” o aplicativo atribui a sugestão ao grupo escolhido na ocasião de nossa inscrição e a submete à avaliação dos demais usuários. Percentuais pequenos para várias classificações sugeridas pelo aplicativo significam, geralmente, que nossa planta não está em sua base de dados. Nesse caso, melhor tentar outros aplicativos.
Uso do PrintPicture
O PrintPicture é também um identificador muito usado e muito prático. Ele é muito mais do que um identificador, é uma verdadeira enciclopédia com informações sobre cada planta. Faz a identificação a partir de apenas uma foto. Sempre exibe uma resposta, mas nem sempre é confiável. Como ele apresenta uma galeria de fotos sobre a planta identificada, temos elementos adicionais de juízo para aceitarmos ou não sua indicação. Neste aplicativo, as plantas mais facilmente identificadas são as ornamentais de jardim, ou mesmo de rua. Para nosso interesse mais específico, de identificar plantas do cerrado, ele é menos útil. Como primeiro exemplo, usamos uma das fotos já analisadas no aplicativo anterior.
O aplicativo oferece a possibilidade de selecionar a área da fotografia a ser analisada. Isto é muito útil quando V. quer destacar uma flor, uma fruta ou outra característica que V. considera importante para obter a identificação.
A foto ao fundo pode ser ampliada e movimentada para enquadrar a área de fotografia que queremos ver analisada.
O aplicativo, como pode ser visto abaixo, identificou a planta como Leucena, mesmo resultado obtido com o PlantNet.
O resultado encontrado mostra a foto da planta identificada (dos arquivos do aplicativo) e uma miniatura da nossa.
O aplicativo fornece o nome científico e o nome comum e variações de nomes populares. Em seguida, mostra fotos relativas à planta indicada que podem ser ampliadas e comparadas com as nossas.
O aplicativo não usa o recurso do PlantNet para avaliar a possibilidade de acerto. Sempre dá uma resposta, sem indicação sobre sua confiabilidade. Existe um truque que temos utilizado para ter mais confiança na identificação, é analisar diferentes partes da planta na mesma fotografia ou em outras fotos e verificar a coerência das respostas.
O aplicativo pode ainda fornecer diagnóstico de possíveis doenças ou carências que identifica na foto da planta.
Também sugere “santinhos” com nossa foto da planta, acrescida de explicações variadas sobre ela. É uma boa maneira de compartilhar nossa foto que virá acrescida com as explicações fornecidas pelo aplicativo. As opções de “santinhos” com a foto utilizada são mostradas abaixo para a Leucena.
"Santinhos" do PrintPicture com retrato e atributos da planta
Usando o Google Lens
Dentro do Google Fotos, V. pode utilizar o aplicativo Google Lens de pesquisa através de imagens, capaz de identificar imagens semelhantes à sua e, com isso, contribuir para classificar suas plantas.
O aplicativo usa o enorme arquivo de imagens da Google para encontrar fotos semelhantes à nossa. Algumas vezes sugere, diretamente, a classificação das plantas, em outras ocasiões, as imagens semelhantes contêm informações de usuários que são úteis para identificar as plantas.
A resposta à nossa pesquisa é parcialmente mostrada acima. Vemos que, nesse caso, as duas primeiras identificações são ofertas comerciais de sementes de Leucena. Isso poderia ter sido utilizado na identificação da planta. No entanto, as fotos seguintes são de outras sementes semelhantes e provavelmente ficaríamos em dúvida sobre a classificação.
A próxima identificação que mostra ainda o recurso de escolher a parte da figura que queremos que seja pesquisada. O símbolo em branco e preto do Google Fotos indica, na figura seguinte, onde clicar para acionar a identificação.
A resposta a nossa pesquisa é mostrada na próxima tela.
O exemplo acima ilustra os caminhos de utilização da pesquisa com o Google Lens para identificação de planta. Uma das figuras, identificada com semelhantes à nossa, está indicada como “Caliandra” em foto extraída do portal da Embrapa.
Essa figura contêm um “link” que, se visitado, nos leva ao seu original. Também podemos pesquisar no Google “Caliandra, Portal da Embrapa” e encontraremos não só a figura original, como os dados sobre a planta, transcritos a seguir:
Caliandra
Por: BENCHEKCHOU, Zineb
Família: Leguminosae Mimosoideae. Nome científico: Calliandra dysantha Benth. Nome popular: flor-do-cerrado, caliandra. Porte: arbusto. Tipo de folha: composta. Filotaxia: alterna. Látex: Não. Espinho ou acúleo: Não. Gavinhas: Não. Fitofisionomias em que ocorre: campo, cerrado. Imagens realizadas na Embrapa Cerrados.
Unidade: Secretaria de Comunicação
Data de publicação: 18/02/2013
Palavras-chave: Flor, Cerrado, Flor-do-cerrado, Campo, Brasil
de: https://www.embrapa.br/busca-de-imagens/-/midia/745001/caliandra
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No próximo exemplo, o próprio Aplicativo identificou a planta, isso é indicado por um retângulo azul, mostrado após a procura
O aplicativo, nesse caso, já identificou a planta (contorno azul) e forneceu seu nome vulgar, ipê-rosa. Procurando no próprio Google o termo “ipê-rosa” é possível obter várias informações sobre a árvore, como mostrado abaixo:
Conclusões
Apresentamos exemplos de três aplicativos auxiliares na identificação de plantas:
PlantNet,
PrintPicture e
Google Lens
Os aplicativos são distintos na forma de operar e se complementam.
No entanto, nada dispensa o conhecimento dos especialistas, mas já existem vários esforços semelhantes que coletam junto a colaboradores voluntários informações em outros ramos de conhecimento.
Talvez Vs. já tenham ouvido falar de astrônomos amadores que identificam novos corpos celestes, principalmente meteoros que passam a constar nas listas oficiais. Até crianças de cinco anos já foram apontadas como responsáveis por acrescentar meteoros no mapa celeste. No caso, isso é feito com a ajuda de um aplicativo específico que facilita a identificação.
O próprio PrintPicture tem, em paralelo, uma interessante base de animais selvagens, aves, insetos. Nos servimos dela, por exemplo, para obter informações sobre elementos da fauna que fotografamos nos quase inevitáveis encontros em nossas andanças na natureza.
Nossa esperança é que, através de nosso site e dos vídeos que divulgamos, possamos atrair contribuição de outros colaboradores para nós e para os “saites” especializados.
Isto motivou este artigo.