As estações do ano ainda são ensinadas no Brasil com a nostalgia europeia onde o verão é a estação do calor, símbolo sol ardente, o outono, simbolizado com folhas caídas, o inverno é a estação fria, símbolo floco de neve, e a primavera estação das flores que são seu símbolo.
Eu achei que isto era um defeito de meus livros didáticos de minha distante infância, embora onde eu passei meus anos de escola primária, Irati no Paraná, as imagens ainda faziam um certo sentido porque se não tínhamos neve pelo menos tínhamos geadas que, nos dias mais frios, cobriam os campos de uma fina camada de gelo.
Para o resto do Brasil, estes símbolos não fazem sentido e a criança que queira checar, na natureza, o que vê nos livros vai ter muitas surpresas, a começar pela queda das folhas que se dá, na maioria do território nacional, em datas variadas para cada espécie. No entanto, ela conclui que o melhor para o sucesso nas notas no boletim é repetir a “realidade virtual” que lhe é imposta. Se colocar, por exemplo que as folhas caem no inverno, ou até na primavera, quase seguramente receberá uma nota baixa.
Fiz uma consulta colocando “quatro estações” no Google e encontrei os mesmos símbolos usados no meu tempo, inclusive em materiais didáticos.
A ideia deste “saite” é justamente encontrar referências na natureza, principalmente nas flores, de como se desenvolvem as estações nas diversas regiões. Encontrei, nessa busca, alguém que teve uma ideia parecida e fez um livro sobre pássaros na Mata Atlântica em cada estação. Tomo a liberdade de mostrar sua capa. Preferi colocar este bom exemplo ao invés de muitas outras ilustrações, inclusive e capas de livros didáticos que mostravam, nas figuras, o estereotipo herdado dos europeus/americanos (do norte).
Este trabalho começa por identificar como o clima se desenvolve realmente ao longo do ano.
O traço marcante do clima de Brasília é o seu período seco e procuramos trazer a compilação do comportamento médio das temperaturas ao longo do ano e da umidade relativa do ar.
Figura 2: Variação das temperaturas médias, máximas e mínimas ao longo dos dias do ano
Brasília, em termos de temperatura média, é um clima bastante ameno com uma temperatura média de 21,4 ºC que predomina de novembro a abril. Temos dois meses mais frios, junho e julho com média 19 ºC, e dois meses mais quentes, setembro e outubro, com média de 22,3ºC. Com intervalo de dois meses, entre julho e setembro, passa-se praticamente do mês mais frio para o mais quente (na verdade. o mês de outubro é 0,2 graus mais quente)
As variações diárias são relativamente altas com uma diferença entre a máxima e mínima (valores médios para o mês) de cerca de 10 ºC. Essa diferença atinge o máximo justamente no mês da agosto que é cerca de 12 ºC. Fundamentalmente estas grandes variações estão ligadas a altitude e a seca que tornam a inércia da massa atmosférica menor. O extremo disto ocorre nas regiões desérticas onde a variação diária supera 40 graus centígrados.
O outro parâmetro determinante em Brasília é a umidade relativa do ar cujos valores são mostrados no gráfico a seguir, juntamente com os dias com chuva superior a 1 mm em cada mês. Assinala-se a umidade relativa que é de 47% em agosto. Em termos médios, essa umidade ainda é confortável. No entanto, em dias isolados, a cidade chega a registrar, como ocorreu em 2020, mínimo de umidade relativa do ar de 10% (em 04/10/20), o que é extremamente desagradável.
Umidade relativa (% da saturação do vapor) e dias com chuva
O valor médio do mês, tanto para a temperatura máxima como para a mínima, é a média dos valores diários de máximos ou mínimos. O valor normal, representado nas figuras, é ainda uma média dos dados do INMET para um período de 20 anos. Este procedimento implica em “alisar as curvas” tanto de temperatura, como de umidade relativa do ar. Para temperatura, por exemplo, encontramos, nos dados horários de 2020, do Instituto Nacional de Meteorologia, valores máximos de 36,5 ºC (em 08/10/20) e mínimo de 8,5 ºC (em 27/05/20).
Outra maneira de monitorar a chuva é o registro mensal do total da precipitação, ao longo do ano, em mm de chuva (média vários anos. O gráfico da Figura 4 mostra a correlação negativa entre precipitação mensais (em mm/mês) e a variação da temperatura (máxima-mínima).
Pode-se ver que meses mais secos apresentam uma maior variação média da temperatura mensal. A chuva atua como regulador da temperatura ambiente já que a atmosfera contendo vapor d’água tem uma inércia térmica maior, baseada, na capacidade de reter calor da água contida na atmosfera.
Fim de Ano
Caras e Caros,
Em novembro, eu e minha esposa dividimos nosso tempo entre Rio e Brasília e tive a oportunidade de colher fotos no Aterro do Flamengo e no cerrado e ruas de Brasília. São duas realidades distintas que nos apresenta a Natureza. Estes passeios coincidiram um pouco com uma sensação, ainda reprimida, da recuperação da liberdade de ir e vir depois das restrições da pandemia.
Meu projeto de Calendário Floral avançou atingindo os 5/12 na parte do Cerrado. A ideia do Calendário Floral é romper com o estereótipo das estações do ano cuja representação (neve no inverno, flores só na primavera, praias só no verão e folhas caindo só no outono) nada têm a ver com a realidade brasileira.
O ano de 1922 marcou o início de um movimento que revolucionou as artes brasileiras que foi o Antropofagismo. A ideia desse movimento era comer a realidade europeia, como os índios fizeram com o Bispo Sardinha e, a partir de adaptação à nossa realidade, produzir pensamentos e arte que seriam universais.
Dentro destas ideias, montamos o “saite” calendariofloral.com e o portal no YouTube “Calendário Floral”.
Encarei isto como uma diversão que me ajudou a cumprir um programa de caminhadas que me propus.
Desejo, para o ano 2022, que nosso País reencontre um caminho que nos una para alcançarmos um futuro melhor. A natureza do Brasil faz parte do legado que recebemos tanto dos colonizados como dos colonizadores. Em torno da brasilidade temos percorrido o caminho de constituir uma Pátria de todos. Este caminho, a meu ver, começa por conhecermos e preservarmos nossas heranças multirraciais.
Um Feliz e Proveitoso ano do bicentenário, com muita Saúde!
P.S.: Antes que me esqueça, venham nos visitar, os portais estão abertos!
Pela quantidade de latitudes que contamos no nosso Brasil temos, em verdade, muitos calendários florais como já sabem os apicultores. Estamos abertos a colaborações para montarmos muitos calendários.
Feliz Natal
Desejamos a todos, muito especialmente aos nossos amigos, um Feliz Natal e que o ano de 2022 nos traga boas surpresas e muita razão para nossas esperanças maiores. Que o bicentenário da República nos faça olhar para frente e nos dê ânimo para continuarmos trabalhando por um futuro melhor para nosso querido e sofrido País.